sexta-feira, 9 de novembro de 2007

TRABALHO EM QUE SE GANHA MUITO

Ser voluntário é uma atividade cuja gratificação é maior do que o esperado



Luís Eduardo Dantas
Monara Marques
Para quem quer ser útil e servir aqueles que muito precisam, nada melhor do que um trabalho voluntário. Só no Hospital do Câncer Araújo Jorge, são 18 iniciativas distintas, com o objetivo de ajudar os pacientes. Uma delas é o projeto “Chá das Nove”, composto por 35 integrantes que servem chá e bolacha aos pacientes e acompanhantes, de segunda à sexta-feira, das 8h às 10h. A estudante de Biologia da Universidade Católica de Goiás, Daniela Continho, 26, é uma das participantes. “Ajudar o próximo é bom não só por ele, eu também tenho um bom retorno”, frisa.
A estudante conta que já está no projeto há seis anos e que é preciso muito equilíbrio emocional para atuar no ramo. “Uma época eu sempre pegava o mesmo ônibus que uma criança que tinha câncer no olho. Todos os dias eu cedia meu lugar para que ela fosse sentada. Um dia, reencontrei o menino e ele estava com a cabeça toda raspada. Tive que me segurar para não transparecer a tristeza”, revela Daniela.
A fotógrafa Irene Camargo carrega, além de muita disposição, a experiência de sete anos no exercício da função de coordenadora do “Chá das Nove”. A voluntária é responsável pela arrecadação de alimentos e destaca que o projeto costuma enfrentar crises de subsídios. “Às vezes falta o lanche. Quando a mídia divulga nosso trabalho temos muita doação, mas isso é raro. O que nos sustenta mesmo são aqueles que assumem o compromisso de doar uma quantia por mês”, afirma.
Irene conta que o trabalho já superou suas primeiras expectativas. “No começo, eu esperava menos. Achei que iria dar mais do que receber. Mas, na verdade, recebo mais do que dou. Me sinto uma pessoa mais útil”, descreve a coordenadora. Segundo ela, o trabalho é muito gratificante, mas requer força para que a pessoa não se abale com as tragédias que o câncer pode vir a causar.
“Conheci um menino de Catalão chamado Rafael. Ele tinha câncer na perna. Sempre costumava vê-lo, mas uma época ele sumiu. Depois de um tempo o reencontrei. Ele olhou para baixo e, quando percebi, ele estava sem uma perna”, lamenta Irene.
Vanderlise Inácio da Silva, 43, é paciente do Hospital Araújo Jorge e aprova a iniciativa do “Chá das Nove”. “As meninas prestam um trabalho muito bonito. Eu sempre tomo o chazinho, que é uma delícia”, avalia. Para ela, a atenção dispensada pelas voluntárias contribui muito para o bem estar dos pacientes.
O acompanhante Issy Lourenço de Abreu, 45 é beneficiado pelo “Chá das Nove” há quatro anos e considera o projeto excelente. “Eles dão chá e bolacha grátis para os pacientes e também para os acompanhantes, como eu. Além do mais, as voluntárias nos atendem bem e são muito educadas”, destaca.


Como participar:
Para ser um voluntário de qualquer projeto do Hospital do Câncer, o interessado deve procurar o Albergue Marconi Perillo (Rua 239, n° 206 – Setor Universitário – CEP: 74605-070 – Goiânia – GO), se inscrever numa lista e esperar pela convocação. Depois de chamados, os candidatos devem participar de um curso preparatório, com duração de um mês.

Doações:
Aquele que não quer ser voluntário, mas deseja ajudar este projeto, pode procurar o Hospital Araújo Jorge e doar bolacha de água e sal, bolacha de maizena, açúcar, chá (em sache), ervas, copos e embalagens.