quarta-feira, 26 de março de 2008

Anomalia Universitária



A cada ano o rendimento das faculdades privadas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) é mais baixo. Este ano chegou a 83% o índice de cursos particulares com conceitos 1 e 2, os piores na escala determinada pelo exame do Ministério da Educação (MEC). Uma anomalia que expressa situação preocupante do ensino e exige rápida e criteriosa reformulação.

Diante de instituições que estendem as vagas numa proporção bastante superior ao número de candidatos, que realizam vestibulares online com aprovação instantânea, que desprezam critérios tanto na elaboração quanto na correção de provas, que chegam a aprovar analfabetos e/ou crianças que nem do ensino fundamental passaram, fica mais do que claro o processo deplorável e já instalado de mercantilização do ensino superior.

Isso contribui para uma formação incompleta dos futuros profissionais. Enquanto as faculdades públicas prezam e proporcionam cursos conceituados, mesmo com pouca estrutura e remunerando mal seus educadores (algo que também precisa ser discutido), as instituições privadas com seus preços exorbitantes mal conseguem educar, na acepção da palavra, seu corpo discente que, como mostram pesquisas qualitativas, chega péssimo em conhecimentos gerais e mesmo depois dos longos anos de faculdade ainda sai ruim.

Assim, é preciso que os critérios quantitativos e financeiros dessas instituições deixem de prevalecer. É preciso que os formuladores do ensino no País repensem o modelo e redirecionem prioridades, que o MEC não relaxe na fiscalização e que toda a sociedade reduza a zero a tolerância à incompetência na área.

Torcidas organizadas não devem ser extintas



As semi-finais do Goianão virão aí e com certeza o Estádio Serra Dourada fará parte da disputa. Estes serão os primeiros jogos decisivos depois que torcedores de Vila Nova e Goiás brigaram entre si no final de fevereiro. O fato acabou interditando o estádio para reformas e colocando em pauta a extinção ou não das Torcidas Organizadas. Optar pelo sim não seria a solução, já que a desorganização das mesmas é resultado de problemas culturais e estruturais que cabem às autoridades resolver.

Os torcedores deste tipo de organização são geralmente rotulados de agressivos. A personalidade de cada um não se pode alterar. Mas o comportamento refletido em público deve ser contido, já que a violência não é a única forma de se expressar agressividade. Gritos de guerra, faixas e bandeirões contribuem tanto para a beleza do espetáculo, como para o processo de auto-afirmação que as pessoas buscam ao se filiar a essas entidades. É preciso que isso esteja claro na mentalidade da juventude.

Mesmo com a implantação de medidas preventivas, o processo de conscientização pode não ser suficiente para impedir que a festa se transforme em violência. Por isso, remediar também faz parte do processo. Sistema de segurança desenvolvido, policiamento especializado e política de punição são medidas em que as autoridade devem investir para garantir a paz nos estádios.

Apoiar o fim das Torcidas Organizadas seria, por parte das autoridades, se esquivar de responsabilidades inerentes ao seu papel, e também restringir do espectador a festa, beleza e euforia que as torcidas – desde que realmente organizadas – trazem aos estádios de futebol.