
A cada ano o rendimento das faculdades privadas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) é mais baixo. Este ano chegou a 83% o índice de cursos particulares com conceitos 1 e 2, os piores na escala determinada pelo exame do Ministério da Educação (MEC). Uma anomalia que expressa situação preocupante do ensino e exige rápida e criteriosa reformulação.
Diante de instituições que estendem as vagas numa proporção bastante superior ao número de candidatos, que realizam vestibulares online com aprovação instantânea, que desprezam critérios tanto na elaboração quanto na correção de provas, que chegam a aprovar analfabetos e/ou crianças que nem do ensino fundamental passaram, fica mais do que claro o processo deplorável e já instalado de mercantilização do ensino superior.
Isso contribui para uma formação incompleta dos futuros profissionais. Enquanto as faculdades públicas prezam e proporcionam cursos conceituados, mesmo com pouca estrutura e remunerando mal seus educadores (algo que também precisa ser discutido), as instituições privadas com seus preços exorbitantes mal conseguem educar, na acepção da palavra, seu corpo discente que, como mostram pesquisas qualitativas, chega péssimo em conhecimentos gerais e mesmo depois dos longos anos de faculdade ainda sai ruim.
Assim, é preciso que os critérios quantitativos e financeiros dessas instituições deixem de prevalecer. É preciso que os formuladores do ensino no País repensem o modelo e redirecionem prioridades, que o MEC não relaxe na fiscalização e que toda a sociedade reduza a zero a tolerância à incompetência na área.