sexta-feira, 4 de abril de 2008

Dengue faz seu maior doente: o Governo




Difícil acreditar que em pleno século XXI uma doença como a dengue ainda seja motivo de calamidade pública. Difícil acreditar que um vírus provindo da África, ainda nas épocas de colonização, esteja dessa forma presente na vida dos brasileiros. Difícil acreditar que, mesmo sem a estrutura dos tempos atuais, o governo de Vargas tenha conseguido, na década de 50, o que hoje não se resolve: a erradicação de um mosquito que com menos de um centímetro contamina só no Rio de Janeiro cerca de 2.000 pessoas por dia.

Seria tudo isso resultado da eficiência e versatilidade da senhora (no feminino porque a dengue é transmitida através da picada de uma fêmea contaminada. O macho se alimenta apenas de seiva de plantas.) Aedes Stegomyia aegypti? Claro que não! Mesmo com excelente critério de escolha dos criadouros onde deposita carinhosamente seus ovinhos, de extrema resistência e rápido desenvolvimento de larvas, a culpa é de um senhor. O Sr. Luiz Inácio Lula da Silva que, junto ao Ministério da Saúde, aos governos estaduais e as secretarias municipais de saúde, foi negligente ao deixar uma infestação virar epidemia, um verdadeiro crime sanitário.

Justamente como um crime essa proliferação da dengue é vista pela imprensa internacional. Jornais de renome, como o americano Washington Post, destacam o estado de “desolação” nos hospitais e a expressiva quantidade de pessoas em busca não só de tratamento, mas também de simples testes de sangue para a detecção da doença. O argentino Clárin não fica atrás. Indigna-se com o privilégio dado às classes mais altas colocando a doença como mais democrática que sua própria cura. Ai, essa doeu!

Mas mais dolorido ainda é ver o governador do Rio de Janeiro cogitar a vinda de médicos de Cuba que, segundo ele “tem excelente tradição na área de saúde pública e de solidariedade com os povos que precisam de apoio” - conforme publicado no jornal Estado de São Paulo, dia 30 março de 2007. Estaria eu enganada ou além de tudo nossos médicos estão sendo responsabilizados e ainda questionados quanto à competência na área? Pelo visto é válido se esquivar da responsabilidade de prevenção e fiscalização e culpar aqueles que já tem as mãos estouradas por essa bomba.

Falar em números tornou-se até bobagem. Quanto mais eles aparecem, menos toma-se providências. Atitudes até disfarçam o descaso. Nesta última semana, por exemplo, foi apresentado pelo governo um projeto para o aumento do número de leitos nos hospitais de rede pública. Algo que já deveria existir já que nenhum deles tem estrutura para abrigar sequer casos simples, quanto mais os de dengue, que a cada dois meses simplesmente quadruplicam. Só em Goiânia, do período de janeiro a março deste ano, o número de crianças com sinais característicos da dengue subiu de 42 para 161. Lula e seus 3 mosqueteiros com isso?

Ora, fazem propostas como essa que mesmo pro maior dos ignorantes, está na cara: é feita de concreto e pura massa corrida. O porquê? Tudo quanto é político já sabe que eleitores brasileiros só acreditam no que vêem, e justamente por isso obras governamentais são simplesmente comparadas a Deus. E quem ousa desafiar Deus? Pelo visto, somente o mosquito da dengue.

3 comentários:

Unknown disse...

uma crítica sútil não tão sutil assim...

é
eu to mesmo com a namorada certa, que já deve estar irritada com o tanto que eu puxo o saco dela...

mas vei
é só ler o que ela escreve que todo mundo vai ver que eu tenho razão...

=******************
lembrando que omissão também é crime e não menos grave do que a ação...

Unknown disse...

adorei!!!
Uma pena poucos que leêm um texto desse...
Com tantas informações...

Vou seguir como o vinicius em outro comentário.
Sou sua fã...

Abraços!!!

Luís Eduardo Dantas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.