sábado, 17 de março de 2007

Exposição Picasso

PAIXÃO, EROTISMO E PICASSO NA CAPITAL GOIANA

Quarta-feira e o calor resolveu dar uma trégua ao goianiense! A chuva no final da tarde além de refrescar, espantou as imensas filas que se formavam em frente ao Centro Cultural Oscar Niemeyer para ver a exposição do famoso e consagrado artista, Pablo Picasso.

“Paixão e Erotismo” era o tema da exposição. Ao invés de pinturas, figuras gráficas. Das 2.200 gravuras que Pablo Ruiz Picasso realizou ao longo de sua vida, os goianos tiveram o privilégio de apreciar 92 delas, todas pertencentes ao colecionador italiano, Píer Paolo Cimarri. Pode parecer pouco, mas não é! Principalmente se considerarmos que foram abordados diversos temas como, por exemplo, minotauros, violações, mulheres, guerras, modelos, entre outros. Além disso, foram mostradas ainda três das várias técnicas que ele utilizava para desenhar – litografia, águas tintas e águas fortes. Um prato realmente cheio!

O ambiente preparado era propício. Na entrada, uma rampa arredondada dava acesso à sala que guardava as obras. Suas paredes eram acobertadas de letras que contavam o cronograma da vida do espanhol. Desde o seu nascimento, em 25 de outubro de 1881, passando pelos momentos mais marcantes (não só como pintor, mas também em sua vida pessoal) até o dia de sua morte, 8 de abril de 1973, na França, aonde morou a maior parte de sua vida.

Ao chegar na sala, paredes vermelhas escureciam o ambiente e representavam à altura a paixão e o erotismo propostos pela exposição. A iluminação tentava fazer o mesmo produzindo sombras. Mas como a regra número 1 de toda boa exposição é não economizar na luz, este quesito em especial deixou um pouco a desejar.

A primeira gravura à vista era “La Célestine”, feita em água-forte em 1968. Ao seu lado, o surrealismo de “Au bord de la mer” de 1932. Seguindo a ordem na qual foram postas, o público deparava-se com obras tanto de seu período realista quanto do período que de fato o consagrou, o cubismo. Erotismo realmente não faltava, e paixão era o que pouco a pouco ia se construindo ao longo da jornada de admiração. Minotauros, touradas, guerra civil espanhola e os jogos ‘Feminino x Masculino’ e ‘Claro x Escuro’ eram predominantes na exposição. As obras de maior destaque pareciam ser “Serenade au bordel” (1971) e “Taureau ailé contemple par quatre enfants” (1934), ambas bastante disputadas. Além disso, destacaram-se também “Portrait de madame Picasso I” (1923) e “La chute d’Icare” (1972), respectivamente a mais antiga e a mais recente obras da exposição. A última gravura da mostra, “La verre sous la lampe” (1962), ficou marcada por dois motivos: 1) Sua indiscritível beleza. 2) Pela infeliz ausência de luz sob a mesma que acabou perdendo parte de sua essência – “O copo sob a lâmpada”? Mas que lâmpada?

Gafes a parte, a exposição de Picasso em Goiânia foi um marco não só para o ano de 2007, mas para a cidade em especial, que pode considerar o evento não só mais uma opção de entretenimento para seu povo, mas um ponta pé inicial para um maior investimento em sua área cultural. Afinal, não é só de música sertaneja que o goianiense vive.

Entrevista Evandro Gomes

E dá-lhe futebol na terra do pequi


Natural de Porto Franco, Maranhão, o comentarista esportivo Evandro Gomes, mudou-se para Goiânia em 1967. Com 18 de idade, iniciou sua carreia no rádio. Sua paixão por futebol foi um dos fatores determinantes para que escolhesse a mídia esportiva como trabalho. Devido a profissão, viajou o mundo inteiro e definitivamente fez seu nome em Goiás. Hoje, com 57 anos, Evandro Gomes é um dos mais conceituados jornalistas esportivos do Estado, além de ser conhecido não só pelo público, mas também pelos próprios colegas de trabalho como "O Sensato". "Eu acredito que a impressa goiana seja uma das mais exigentes do Brasil”.


Monara: Em que aspecto você acredita que a mídia goiana se difere das outras?
Evandro Gomes: A mídia esportiva goiana é composta de bons profissionais, porém acho que há um certo exagero por parte de alguns em relação aos abusos quanto à crítica à determinados jogadores, dirigentes, e ao esporte de uma forma geral. Trata-se de pessoas que vêem muito mais os aspectos negativos do que propriamente os positivos. Então, pelo o que eu tenho de conhecimento, pela vivência que eu tenho no rádio esportivo - já são quase 40 anos no meio - eu acredito que a impressa goiana seja uma das mais exigentes do Brasil, uma imprensa que cobra muito mais do que projeta. Tanto os times de futebol que representam o Estado, quanto os profissionais que jogam aqui em Goiás.

Monara: E de que forma você acredita que essas críticas afetam o futebol goiano?
Evandro Gomes: Essas críticas afetam na maneira como são dirigidas à figura do ser humano e não do profissional. Afetam no sentido de que o futebol hoje é um produto de mídia muito fácil de ser vendido, e é necessário às vezes falar bem, não no sentido de com isso faturar, mas também não falar mal para não denegrir, desmoralizar o produto que você vende. Que argumentos terei eu com uma grande empresa ou um grande anunciante se eu todo dia usar o microfone da tv ou do rádio, ou mesmo o papel do jornal, só para criticar o esporte, os times que nos representam, aos jogadores que participam? É evidente que não se pode apenas elogiar. Contudo, a crítica deve ser feita com responsabilidade e no momento certo, sem ferir a pessoa, o ser humano, pois ao invés de analisar o desportista como profissional, a imprensa acaba julgando não o atleta, mas a pessoa. Isso é antiético, e não é para isso que nós estamos lá.

Monara: Alguma crítica feita já chegou a prejudicar o rendimento de um time em campo?
Evandro Gomes: Sim, isso geralmente ocorre quando atinge-se, por exemplo, o principal jogador do time. Se ele não tem personalidade suficiente para assimilar a crítica, isso vai prejudicar seu rendimento. Da crítica vem a vaia da torcida, da crítica vêm as brigas fora de campo, da crítica vêm as rixas entre os próprios jogadores. E tudo vem daqueles que geralmente falam o que não devem. Dessa forma, considero a responsabilidade da imprensa muito grande nesse aspecto. Deve-se ter cuidado para saber promover, saber criticar, sem destruir.

Monara: Tem algum exemplo em específico do qual você se lembra?
Evandro Gomes: Vários! Tive e tenho colegas, julgo aqui desnecessário citar nomes, que definitivamente não medem conseqüência daquilo que falam e, às vezes, irresponsavelmente, atingem um time de cheio, atingem a cidade cede do clube, e consequentemente não só seus torcedores, mas também seus moradores. Dizer que, por exemplo, um time do interior é time de roça, acaba ofendendo todo um povo que fatalmente sentirá seu orgulho ferido. As pessoas não dão àqueles que nem são nativos o direito de falarem mal de suas cidades, de agirem com menosprezo, utilizarem termos talvez agressivos, como roça, “botinudo”, caipira, botina, sem educação, etc. Esse tipo de atitude é nocivo até à classe jornalística que deveria ser punida caso faltasse com o respeito ou com a ética. Hoje, infelizmente, há um vasto número de jornalistas que esquece de ter feito o juramento de analisar as questões com respeito, responsabilidade e dignidade, acima de tudo.

Monara: E de que forma você acredita que esta punição deveria ser feita?
Evandro Gomes: A princípio com uma suspensão. Se continuar da mesma forma, ferindo a ética da profissão e da classe jornalística em geral, que seja cassada a carteira do indivído. Assim como o médico, o dentista, o advogado, entre outros que se agirem com imperícia serão punidos. Acho que em qualquer profissão, se você não zelar e não honrar o compromisso que assumiu, o mais certo é punir, inicialmente com advertência, depois punição e, finalmente com a cassação dos direitos.

Monara: Na imprensa goiana, muitos já teriam sido punidos?
Evandro Gomes: Com certeza. Já vivi momentos de horrores na imprensa de Goiás com a falta de respeito dos profissionais e colegas.

Monara: Mas seria este um problema do Estado de Goiás, em específico, ou geral, do país inteiro?
Evandro Gomes: No Brasil todo. Falo de Goiás porque é o meu meio, é aqui que eu vivo. Conheço um por um dos colegas que tenho. E quem pensa que nosso meio é de união, talvez esteja enganado. Tempos atrás, isso talvez tenha existido, mas atualmente é muito raro. Em função da vaidade pessoal de alguns, da inveja de outros, da chamada “dor de cotovelo” daqueles que não se destacam, acabou aquele sentido de amizade. E isso é péssimo, pois agora parece ser cada um por si, e todos querendo a cabeça daqueles que se destacam. Isso tudo é também motivo de punição.

Monara: Imparcialidade é uma dos quesitos mais requeridos dentro do jornalismo. Imagino, contudo, que vocês da imprensa torçam pra algum clube. É difícil conter a emoção e manter-se imparcial quando é o seu time que está em campo?
Evandro Gomes: Falo por mim, porque eu consigo me controlar. Embora eu tenha minhas preferências, faz-se aqui desnecessário citar quais, mas acredito que o jornalista no momento que ele usa o microfone, ele tem que se ausentar de qualquer tipo de paixão. Muitos não conseguem. Outros, ao tentarem mostrar uma isenção, acabam se tornando, às vezes, duros demais com o próprio time do coração. E isso talvez seja ruim. Assim, o melhor a se fazer, não é tentar esconder sua preferência, mas quando diante do microfone, esquecer que ela existe. Deixar o coração sofrendo por dentro, mas por fora, com o microfone ligado, não fazer nenhuma relação entre paixão e profissão, pois as duas definitivamente não combinam.

Monara: Você diz que consegue se controlar, mas e seus colegas da imprensa goiana? Na sua opinião, eles também se controlam?
Evandro Gomes: A maioria não. Muitos torcem descaradamente, usam o microfone para defender interesses do clube para o qual torcem, sendo muitas vezes até desonestos com seus ouvintes, com seu próprio público.

Monara: O fato de o Vila Nova ter caído para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, e de termos como representante no grupo de elite apenas o Goiás, afeta diretamente a imprensa esportiva goiana?
Evandro Gomes: Com certeza! Seria de extremo benefício e inclusive motivo de orgulho termos como representantes o Goiás, o Vila Nova, o Atlético, o Goiânia, o máximo de times que pudéssemos, na primeira divisão do Brasileirão. Pego como exemplo o Paraná, que até pouco tempo era representado por três de seus times, até o Coritiba ser rebaixado. Outro bom exemplo seria o Sul, com os já tradicionais Internacional e Grêmio, mas também o Juventude que, apesar de pequeno, vem se mantendo já há um bom tempo na Série A. Então, isso é realmente de suma importância, pois se não tivéssemos pelo menos o Goiás lá nos representando, teríamos um futebol esquecido, assim como é o do meu estado, Maranhão, ou do Sergipe, Acre, Rondônia, Roraima, o da Bahia que caiu expressivamente depois que Vitória e Bahia se afundaram na Série C, etc. Outro problema é que o Goiás na posição de absoluto como está, acaba se desinteressando em formar um time apto a vencer não só os demais goianos, mas sim em nível nacional, ou mesmo internacional. O Goiás depois de ter participado da Copa Libertadores, ou mesmo ter sido bem sucedido em campeonatos um pouco mais expressivos, como a Copa do Brasil em que foi vice do Flamengo, supervalorizou-se, e para resolver este problema, acho que só com concorrência, que pra mim, neste caso, é saudável e salutar. Se você tem concorrente, você se aplica muito mais. Isso é em todo lugar. E com o futebol não seria diferente.

Monara: Em uma palavra, o que é melhor e o que é pior na mídia goiana em relação à nacional?
Evandro Gomes: Melhor: Sensatez Pior: Idiotice

domingo, 11 de março de 2007

FINLÂNDIA: PAÍS PARA TURÍSTAS E JORNALISTAS

WHY FINLAND?

Turisticamente falando, poderíamos citar mais de 1001 predicados sobre este maravilhoso e exótico país escandinavo localizado ao Norte do continente europeu. Contudo, a Finlândia é muito mais do que bosques e lagos. É um país muito mais bonito que suas incomparáveis belezas naturais, e muito mais agradável que suas estações de esqui em Ylläs e Levi. É terra muito mais colorida que o famoso "Revontuli" - mundialmente conhecido como "o fenômeno da Aurora Boreal" -, e muito mais impressionante que o espetacular "Sol da Meia-Noite". É mais atraente do que suas tradicionais e quentes saunas, e mais querido do que o velho e conhecido Papai Noel. Assim, a Finlândia é muito mais do que você pode imaginar.


Conhecer mais profundamente este país é fazer uma viagem não só física, como qualquer outra que você sai de um lugar e se desloca para outro, mas sim uma viagem moral, de intensas descoberta e surpreendentes revelações. Trata-se de um país que, por trás de sua fascinante geografia, tem uma boa história pra contar. Sabia, por exemplo, que de 1389 a 1523 a Finlândia existia não como um país, mas como parte de um grupo de países – a União de Kalmar formada por Suécia, Finlândia e Noruega? Trata-se de um país politicamente correto, já que dentre 146 países, ficou em 1º lugar no quesito corrupção, medido pela chamada Transparência Internacional. Isto, para nós que vivemos num país cuja corrupção é tão explícita (razão certamente pela qual ocupamos o 62º lugar), é fator de admiração tremenda, já que sabemos o quanto é prejudicial para a Nação ter como representantes pessoas não confiáveis. Socialmente, o país se destaca entre um pequeno grupo de 15 países que lidera o Índice de Desenvolvimento Humano. Sendo assim, qualidade de vida é o que não falta! E se política e socialmente falando o país é bom, educacionalmente podemos dizer que é ótimo! Além de ter a maioria absoluta das crianças finlandesas nas escolas, as mesmas parecem desempenhar bem seus papeis. Não é a toa que no OECD, os finlandeses ganharam o primeiro lugar em matemática entre 41 outros países. Realidade muito diferente da brasileira que, por exemplo, tem mais de 1,2 milhão de crianças fora das escolas e conta com mais de 30 milhões de analfabetos funcionais em todo o seu território. Tudo isso aumenta ainda mais a chance de termos no futuro pessoas cada vez menos informadas e, portanto, mais desqualificadas tanto para o mercado, quanto para a vida.

INFORMAÇÃO: ESTÁ AÍ O FUTURO! E isso é o que não falta à Finlândia. Em termos de tiragem de jornais, proporcionalmente ao número de habitantes, a Finlândia ocupa o terceiro lugar no mundo, após Noruega e Japão. Ou seja, é um dos países onde mais se tem acesso ao meio impresso de comunicação. Como se não bastasse, os finlandeses são ávidos leitores. Quanto ao número de leitores de jornais, a Finlândia ocupa o primeiro lugar na União Européia e o terceiro lugar no mundo inteiro com 532 cópias vendidas a cada 1000 habitantes. É um país onde, segundo estatísticas, 87% da população acima de 12 anos lê jornais. Sendo assim, se informação for realmente o futuro, podemos afirmar que os finlandeses estão alguns bons anos a nossa frente.

Diante de tantas qualidades, duvido que seja fácil encontrar alguém forte o suficiente para resistir a tantas maravilhas. Se for jovem, bem informado, politizado, ávido por cultura, louco por novidades, amante de viagens, e ainda estudante de jornalismo que sonha em ser correspondente internacional, ah... a Finlândia é então mais do que irresistível!

domingo, 4 de março de 2007

SHOW COLDPLAY

VAI CHOVER: O COLDPLAY TROUXE AO BRASIL UM SHOW PARA POUCOS


E choveu mesmo! São Paulo, 26 de fevereiro, e no final da tarde a chuva já caia. Um dilúvio digno de alagamentos, trânsito caótico e da primeira frase em português daquele que personifica o Coldplay, o vocalista Chris Martin: “Urra meu, que chuva!” – a galera grita! “Que PUTA chuva!” – a galera vai à loucura!


Alguns minutos antes do show começar, os telões do Via Funchal já exibiam um Warning Sign: “A pedido da produção do artista: O show do Coldplay não será transmitido nos telões.” E realmente, para quê telão? Tratava-se de um teatro, cheio de cadeiras postas (também por exigência da produção) com o intuito de fazer justamente um show mais intimista. Eram apenas 2.700 privilegiados. E mesmo aqueles com ingresso mais barato (Platéia Lateral - R$150,00 reais. Sim, esse era o mais barato!) tinham uma visão mais do que nítida de Chris Martin e seu piano elétrico!

Elétrico! Talvez seja este o mais apropriado adjetivo para descrever o estado emocional da banda. Os sintetizadores do comecinho de “Square One” representavam os tambores rufando. Começava o show! O público a essa hora já nem se lembrava das cadeiras vermelhinhas e acolchoadas logo atrás. Alguns mais afoitos lotaram os corredores e o que pagou 200 se misturou com o que pagou 300, e o que pagou 150 se misturou com o que pagou 200 e por aí foi. Brigas? Não. O único momento que deixou á flor da pele aqueles que pagaram mais pelo ingresso, foi quando a banda, na íntegra, desceu do palco em direção à Platéia Lateral. Sim, aquela que pagou “apenas” 150 reais. Foi durante “Til the Kingdom Come”, a 11ª música do show, interpretada com voz, violão, risadas e muitos flashes das 1001 câmeras digitais que iluminavam a já iluminada banda britânica.

Mas voltando à ordem cronológica, “Square One” – a primeira da noite -, foi marcada não só pelo lindo coro que encerrou a música, mas também pelas luzes que acompanhavam mais do que sincronizadamente as baquetadas do baterista Will Champion nos pratos de ataque. Remédio para olhos e ouvidos! “Politik” já veio emendada disparando mais luzes (muito mais luzes!) e o coração da platéia já em transe! Cada um da banda parecia estar jogando em seus respectivos instrumentos toda sua força na que parece ser a música mais estridente da banda hoje rotulada como a nova salvação do rock. Opiniões á parte, mas “Politik” foi até então a melhor música de rock tocada neste país desde o começo do ano que, diga-se de passagem, já recebeu algumas outras atrações internacionalmente barulhentas.

Paradinha para um “Obrigado!” aos brasileiros que se derretiam com aquele sotaque britânico, e depois um “Muito Obrigado!” para gritos femininos, claro. No momentâneo silêncio de expectativa “Meu Deus, qual será a próxima música?”, Chris Martim pega sua guitarra, cor branca e som a lá bandolim e arranca palmas, assovios e “uhuuuus” com os primeiros acordes de “Yellow”. E quando todos arrebentavam suas gargantas canta-gritando “Look up the staaaaars, look how they shine foooooor youuu”, no céu do Via Funchal via-se não estrelas, mas vários e enormes balões coloridos que pulavam de platéia em platéia enfeitando o que ali deixava de ser um show e virava um espetáculo. Aliás, o que era uma apresentação, virou na verdade um Carnaval. Mas pra fechar mais uma música com chave-de-ouro, Chris Martim jogou e fez voar junto com os balões, sua linda guitarra-branca-bandolim para, é claro, nos lembrarmos que o país é de carnaval, mas o show é de rock!

Em seguida, Deus colocou aquele sorriso no rosto do público que já ouvia “God Put a Smile Upon Your Face”, a quarta música do show. Descansando a guitarra e pegando um violão com afinação específica, a banda fez todo mundo acompanhar com palmas a batida da música de raízes country que começava a tirar todo mundo não mais das cadeiras, mas agora do chão. “Speed of Sound” era o que todos precisavam pra definitivamente voar com os pássaros do primeiro single de X & Y – disco que levou à essa turnê (Twisted Logic) 6 de suas 12 músicas.

E para descansar e finalmente levar o público a parar pra admirar a música, suposto objetivo da banda ao descartar multidões em estádios, veio a primeira balada da noite: “Trouble”. Nesta música, ao invés de impactar o público com as lindas e iniciais notas de piano, Chris Martin resolveu começar pelo fim dando coro ao público que soltou a voz e arrepiou a alma.

Em seguida veio “Sparks” que o público também cantou na íntegra, mas que ficou marcada mesmo pelo guitarrista Jon Buckland que tomou de Chris Martin o banquinho do piano e assumiu o instrumento simultaneamente com sua guitarra – lembrando-nos que o Colplay é sim muito mais do que só o maridão de Gwyneth Paltrow.

Pra quebrar a seqüência “balads”, nada mais nada menos que “Daylight”. Agora todos cumprindo suas respectivas funções: Guy Berryman, seu baixo e seu bigodão, fazendo a base; Will Champion, mais do que firme na batera; Jon Buckland “slideando” sua guitarra, Chris Martin de volta ao piano; e na voz e percussão: 2.700 desvairados gritando e batendo palmas, muitas muitas palmas.

“White Shadows” veio logo na seqüência trazendo ainda mais barulho ao Via Funchal. Se antes o público cantava e batia palmas, nesta música todo mundo resolveu pular, e pular e pular. Talvez prevendo o cansaço do público (e do próprio Chris Martin que a essa altura já tinha corrido certamente o equivalente a umas 10 voltas no Maracanã), nada melhor do que sentar em seu banquinho e mandar a esperadíssima “The Scientist”. Um dos maiores sucessos da banda, a música fez o público dar férias aos pés, mas muito trabalho às cordas vocais que não pararam nem desafinaram um segundo sequer. Foi um dos momentos mais bonitos do show!

Depois, para deixar o público ainda mais boquiaberto, Chris pegou um violão; Buckland e Barryman outro (cada um e respectivamente); e Will Champion, o único que eu achava não saber tocar gaita, pra me contradizer pegou justamente uma (how cute!) e mandou bala! No palco? Não, não... Ali no corredor da tal Platéia Lateral. Como já dito, eles desceram, juntinhos, em filinha indiana e mandaram “Til Kingdom Come”. E subindo nas cadeiras (quem obviamente não estava na maldita Platéia Lateral. P.S: Já deu pra perceber que eu não estava, né?), o público foi literalmente às alturas! Pegando o bonde, a banda também subiu de volta ao palco e ainda no estilo “unplugged” emendou “Love me Tender”. ‘MARAVILHOSO’ - Chris Martin disse... e eu concordo! Para não perder a empolgação, um clássico de arrepiar: “Clocks”. A música, que já foi tema de propaganda da americaníssima CNN, provou que é notícia não por acaso, e sim porque extravasa mesmo a maior das expectativas. Enquanto Chris Martin, na boa, parecia fazer sexo com o piano, quem gozava era o público! E como se não bastassem a letra e a melodia pegajosas, o jogo de luzes coloridas deu um “que” a mais ao clássico que foi mais um que deixou a galera em transe.

“Talk”, esta foi a música encarregada de não deixar a peteca cair. E como você já deve imaginar, não deixou mesmo! Além de ser um single, suas variações sugam cada instrumento dando à melodia vários momentos marcantes dentro de uma única música. Assim, atende à lógica matemática que agrada ao mesmo tempo público e crítica. Ponto pros britânicos: ”Talk” deu o que falar!

Uma pausa pro velho e necessário break que não sei dizer se durou pouco porque eles não demoraram, ou porque o público não esfriou gritando forte e continuamente “Shiver, shiver, shiver!”. E então eles voltam, com a l-i-n-d-í-s-s-i-m-a “Swallowed in the Sea” que no seu estilo progressivo foi agradando gradativamente a platéia: primeiro lenta, depois forte e aceleradamente. Na seqüência: “Tum, pá, tum tum tum pá; tum, pá, tum tum tum pá” – sim, era a bateria de “In my Place” levando todos à loucura. O público sequer esperou a guitarrinha clássica do começo pra começar a gritar! Se antes a palavra era ‘Maravilhoso’, Chris Martin dessa vez disse ‘Fantástico’ – a banda além de tudo ainda conta com uma boa assessoria, pois não havia realmente melhor palavra pra descrever o momento.

Mas como tudo que é bom dura pouco, chegou a última (que depois virou penúltima) música. Todas as luzes se apagaram, e no palco via-se apenas uma espécie de lampião que desceu do teto e, amarrado numa corda, ficou ali paradinho iluminando Chris e seu piano. Quando a guitarra assumiu o final da música, Chris apenas se levantou e girando em volta de seu próprio eixo, rotativizou aceleradamente o tal lampião dando ao momento um efeito daqueles. A coisa ficou ainda mais bonita, quando o lampião foi lançado e passou a girar não só em torno de Martin, mas entre o palco e o público, com se levasse um ao outro e vice-versa. Foi LINDO! Mas era a última. Ou melhor, era pra ter sido a última, se o povo não tivesse parado de gritar “Shiver shiver shiver!” incansavelmente. “Nunca vi pedirem tanto essa música”, voltou e disse Chris depois de uns 3 minutos no “backstage” ouvindo aquela barulheira. De muito bom-humor, ele e Buckland pareciam nem lembrar como se tocava a música, mas mesmo assim, entre letra e risadas, deu ao público brasileiro o que nenhum argentino, chileno ou sei lá quem teve: ARREPIO (Leia-se Shiver).

Sem maiores comentários, mas o U2 que se cuide!

Set List: o próprio!